Dia Mundial da Filosofia na EB2,3/S de José Relvas
No dia 17 de novembro, os alunos do 10.º e 11.º anos de Filosofia, da escola EB2,3/S José Relvas, celebraram o Dia Mundial da Filosofia, instituído em 2002 pela UNESCO, com o objetivo de assinalar a necessidade da humanidade refletir sobre os acontecimentos atuais, desenvolver o pensamento crítico, criativo e independente e de sensibilizar a comunidade para a promoção da tolerância e da paz.
Na tentativa de concretizar estes objetivos, foram desenvolvidos trabalhos em observância pelos valores e competências inscritos no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Procurou-se valorizar a diversidade de modos de aprender e mobilizar os valores da curiosidade, da reflexão e da inovação, competências nas áreas da informação e comunicação, do raciocínio e do pensamento crítico e criativo, potenciando o desenvolvimento de uma participação cívica, ativa, consciente e responsável.
Os alunos Gonçalo Sêco, Guilherme Marques e Rodrigo Fidalgo, do 10.º A, encontram-se a ultimar as gravações, em colaboração com o Dr. Nuno Prates, na Casa dos Patudos, de um vídeo que pretende caraterizar as influências Filosóficas do Dr. José Relvas.
O Gonçalo Serras, a Inês Santiago e o José Rodrigues, ambos do 10.º A, desenvolveram o jogo do ostracismo, cuja finalidade era a de possibilitar à comunidade escolar a oportunidade de votar ao desterro, em óstracon, simulando o que se fazia na Grécia antiga, um político da sena internacional da atualidade. Apurados os resultados, a esmagadora maioria votou Putin a 10 anos de ostracismo.
As alunas Joana Pardal, Heloísa Martins e Mafalda Luciano, do 10.º A, em colaboração com a Mariana Braz, Matilde Nunes e Rute Silva, da mesma turma, e a Francisca António e Inês Andrade, e o Bernardo Rosa e o Tomás Ângelo, do 10.º B, realizaram um conjunto de trabalhos práticos (canetas filosóficas; queques e philosophos, que são biscoitos alusivos à etimologia da palavra filosofia que significa amor à sabedoria; e porta-chaves com o φ, símbolo da filosofia), cujo valor de aquisição reverterá para bolsas de estudo de apoio a Monjinhos Tibetanos, que têm de fugir para não morrer ao revelar a sua identidade, contribuindo deste modo para o exercício da sua liberdade de expressão e preservação das raízes, para que possam estudar Filosofia Budista e dar continuidade à tradição tibetana. Com estes trabalhos conseguimos 86€ e 3 cêntimos, chegando assim à quase totalidade de uma bolsa de estudo, faltando apenas cerca de 14€ para atingir esse valor.
O Bernardo Mendes, do 10º A, concretizou um friso cronológico com alguns dos mais imponentes filósofos da história da filosofia, que se pode consultar aqui Obras Filosóficas (padlet.com).
O Emanuel Palma e João Coutinho, do 10.º A, e o João Ferreira, do 10.º B, construíram aves de Atena em madeira. O mais antigo símbolo da filosofia é a chamada ave de Atena. Atena, deusa da sabedoria e da fecundidade, aparecia associada na mitologia grega, a essa ave noctívaga que é a coruja, cuja nota distintiva é a de se levantar ao anoitecer e andar vigilante e ativa pela calada da noite. Auxiliada apenas pela luz da lua, dotada de uma excecional acuidade visual, vê o que o comum dos outros animais só consegue alcançar com a luz do sol. É essa invulgar capacidade de ver e de se orientar no mundo das trevas que faz dela um símbolo da filosofia e do conhecimento racional: a coruja, tal como a filosofia, simboliza a reflexão que domina as trevas ou a capacidade de obter conhecimentos para lá das sombras.
A Carolina Silvério, do 10.º B, para além da máxima socrática em madeira, apresentou uma réplica do Pormenor da Escola de Atenas de Rafael, que se configura, também, como um outro símbolo da Filosofia. Com a máxima “Só sei que nada sei”, Sócrates quererá lembrar-nos da génese da Filosofia, uma disciplina que foi concebida para designar o trabalho daqueles que têm consciência do quanto desconhecem e da atividade que é preciso desenvolver para atingir o conhecimento. A ideia não é negar o conhecimento ou dizer que o filósofo não sabe nada, mas sim, reconhecer que o conhecimento humano é limitado e que deve ser submetido a uma revisibilidade constante. Acerca do pormenor da Escola de Atenas, de Rafael, que representa Platão e Aristóteles, podemos dizer que Platão, ao apontar para o alto, recorda que a natureza humana não se esgota na realidade terrena em que assentamos os pés. Recorda, tal como a filosofia, que é próprio do ser humano elevar-se acima das terrestres preocupações e contemplar os valores espirituais, morais, estéticos, políticos, etc. Aristóteles, por seu lado, estendendo o braço com a palma da mão voltada para baixo, indica que o ser humano é daqui, pondo em destaque a dimensão corpórea e física da natureza humana. O quadro pode também ser tomado como símbolo do diálogo que se trava na história da filosofia entre posições e teses frequentemente opostas a exigirem ponderação dialógica.
A Ave de Atena e a própria Deusa foram também trabalhadas pelo Daniel Carmo do 10º A, em Minecraft.
O Guilherme Aurélio e o Salvador Trindade, embelezaram a exposição com um F maiúsculo coberto de flores, que por constrangimento de última não puderam vir em azul, em representação da cor do curso de Filosofia.
O Enzo Inácio e o Rafael Santos, do 10º B, criaram uma réplica sustentável do Pensador, de Rodin, símbolo da atitude filosófica. Nu e solitário, de olhos fechados, sentado com o queixo apoiado no punho direito e o braço esquerdo descaído sobre o colo, o pensador é tomado como símbolo da atitude reflexiva que particulariza a filosofia. Trata-se de um símbolo rico mas controverso. O que a sua atitude de homem pensativo tem de positivo é a capacidade de se recolher sobre si mesmo para submeter ao seu próprio juízo crítico a realidade que o envolve. O que tem de negativo e contrário ao espírito da filosofia é precisamente a dimensão solitária ou solipsista dos seus pensamentos a que ninguém pode ter acesso, incomunicáveis, portanto, e, por isso, inúteis para a comunidade.
Os alunos das turmas A e B, do 11.º ano, assinalaram este dia com as participações no projeto Público na Escola - Isto também é comigo!, que podemos consultar em breve na página da Biblioteca Escolar e que se prolongará ao longo do ano letivo.
A professora Lina Duarte, em representação da Biblioteca Escolar, a quem desde já agradecemos pelo seu sentido de colaboração e compromisso, uniu-se à comemoração do dia Mundial da Filosofia com a seleção de um conjunto de livros relacionados com esta disciplina e que podem ser consultados e requisitados na nossa biblioteca (http://ae-joserelvas.pt/site/index.php/biblioteca-escolar/noticias).
Por tudo isto, a Filosofia afigura-se e continuará a afirmar-se como uma disciplina com um papel fundamental no progresso civilizacional do mundo e no desenvolvimento individual dos nossos alunos, capacitando-os para a submissão da realidade a juízo crítico e para o exercício de uma cidadania ativa. A Filosofia surgiu para designar as pessoas que têm consciência do quanto desconhecem e da atividade que é preciso desenvolver para atingir a sabedoria. Na sociedade do conhecimento não podemos descuidar a preparação no âmbito da problematização, da crítica e da argumentação. Exercer uma cidadania ativa, tanto na Grécia como na atualidade, requer uma astuta preparação, para a qual a Filosofia tem muito a oferecer. Tal como Merleau Ponty afirma, no seu elogio à Filosofia, o filósofo deve imergir no mundo e estar em relação com os outros homens, pois é em si e com eles que descobrirá a verdade.
Sónia Rodrigues
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